O Jubileu, como celebrado pela Igreja, tem suas raízes tanto na tradição bíblica quanto na história da fé cristã. No Antigo Testamento, encontramos a origem desse conceito no Livro do Levítico (Lv 25,8-17), onde o Jubileu era um evento celebrado a cada 50 anos, após sete ciclos de sete anos. Ele tinha um profundo significado espiritual e social para o povo de Israel. Durante esse tempo, a terra deveria descansar de seu cultivo, escravos e servos eram libertados, e propriedades vendidas eram devolvidas às suas famílias originais. Esse período era um chamado à renovação, à justiça e à misericórdia, refletindo a aliança de Deus com Seu povo. O nome "Jubileu" vem do hebraico "yôbel", que significa "trombeta" ou "chifre de carneiro", instrumento usado para anunciar o início deste tempo especial. No cristianismo, a Igreja adaptou essa prática, transformando-a em um tempo de graça e perdão para os fiéis. Foi o Papa Bonifácio VIII, em 1300, quem instituiu o primeiro Ano Santo, inspirado pelo espírito do Jubileu bíblico, mas conferindo-lhe um significado profundamente espiritual e pastoral. A partir daí, o Ano Santo passou a ser celebrado regularmente, a cada 25 anos, como um momento especial de conversão, renovação e indulgência plenária — ou seja, a remissão completa das penas temporais pelos pecados. Além dos Anos Santos ordinários, podem ser proclamados Anos Santos extraordinários, como o Jubileu da Misericórdia (2015-2016), instituído pelo Papa Francisco. Etimologicamente, o termo "jubileu" chegou ao latim como "jubilaeus", preservando a ideia de alegria e celebração. No contexto cristão, ele representa um chamado à liberdade espiritual, à reconciliação e à busca por justiça social. Os símbolos e rituais do Ano Santo reforçam essa mensagem: a abertura da Porta Santa nas basílicas papais de Roma, por exemplo, simboliza a passagem para a graça divina, enquanto a peregrinação a lugares sagrados é um convite à busca interior por Deus. Além disso, os fiéis podem obter indulgências plenárias ao cumprir as condições estabelecidas pela Igreja, como confissão, comunhão e orações pelas intenções do Papa. Assim, o Jubileu, em sua trajetória do Antigo Testamento à prática cristã, mantém viva a essência de um tempo de restauração, alegria e renovação espiritual. Ele é um convite divino à conversão, ao perdão e à reconciliação, inspirado por uma tradição que atravessa os séculos.
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