Familia Desestruturada Voce Ja Ouviu Falar

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Você já deve ter ouvido a expressão "família desestruturada", não é mesmo?
Ela tem sido utilizada em um sentido muito semelhante ao de "família desajustada" dos anos 1930. Vários foram os discursos que culpabilizaram "a família e seus desajustes sociais" pela pobreza, vulnerabilidade e risco social, desconsiderando as condições objetivas de vida (a falta de condições, no caso...) das pessoas e a ausência/precariedade do Estado na proteção social.

Este vídeo trata das "campanhas" históricas de imposição de modelos de família, como se houvesse uma forma "ideal" , "perfeita" ou "melhor" de ser uma família. Não só a composição/arranjo familiar, mas também o universo de valores e os comportamento das famílias eram objeto de julgamentos morais.

A história social das famílias revela obstáculos secularmente enfrentados por esse grupo para assegurar sua proteção. Como resposta a esses obstáculos, o Estado [...], “no decorrer das últimas décadas, assumiu a família como ‘incapaz’ de proteger seus membros, ‘implementando políticas paternalistas marcadas por ações verticalizadas, modeladoras e coercitivas sobre os modos de vida das famílias, em especial das famílias empobrecidas, o que gerou descaso pela preservação dos seus vínculos.” (Brasil, 2012, p. 47).

O grupo familiar pode ou não se mostrar capaz de desempenhar as funções protetivas, mas esta capacidade não resulta de uma composição “ideal” de família e sim da relação da família com a sociedade, sua organização interna, universo de valores e do estatuto da família enquanto grupo cidadão, com acesso a direitos de cidadania (Brasil, 2004, p. 29). É nesse sentido que Gonçalves e Eggert (2019) trazem a diferença entre família "desestruturada" e família "desassistida" (link para artigo completo abaixo, nas referências).

As dificuldades de algumas famílias em responder às adversidades vivenciadas não podem ser utilizadas para desqualificá-las do importante papel que desempenham na vida dos seus membros. Ao contrário, é preciso compreender que as famílias vivenciam as consequências do contexto socioeconômico que experimentam, isto é, as relações familiares tendem a refletir o quadro desigual e violento dos territórios. (Brasil, 2012, p. 49).

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REFERÊNCIAS DESSE VÍDEO:

Arend, S. M. F. (2005). Filhos de criação: uma história dos menores abandonados no Brasil (década de 1930). Tese de Doutoramento não publicada. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Disponível em: lume.ufrgs.br/handle/10183/7188

Brasil (2004). Resolução CNAS n° 145. Política Nacional de Assistência Social (PNAS). Brasília: Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).

Brasil (2012). Orientações Técnicas sobre o PAIF. Volume 1. O Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família-PAIF, segundo a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).

Gonçalves, J. P., & Eggert, E. (2019). Estruturadas x desestruturadas: percepções de família entre profissionais de educação. Educação em questão, 57 (54), p. 01-25. Artigo disponível em:
periodicos.ufrn.br/educacaoemquestao/article/download/18034/12264/

Schwartzman, S., Bomeny, H. M. B., & Costa, V. M. R. (2000). Contenção das mulheres, mobilização dos jovens. In: Tempos de Capanema. São Paulo: Paz e Terra.

SOBRE DARCY VARGAS E AS PRIMEIRAS DAMAS, VEJA:

Silva, L. S., & Quiroga, A. M. (2009). Mulheres em cena: As novas roupagens do primeiro damismo na Assistência Social. Dissertação de Mestrado não publicada. Programa de Pós Graduação em Serviço Social. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. PUC RIO. Disponível em: www2.dbd.pucrio.br/pergamum/biblioteca/php/mostrateses.php?open=1&arqtese=0710334_09_Indice.html>

Schwartzman, S., Bomeny, H. M. B., & Costa, V. M. R. (2000). Contenção das mulheres, mobilização dos jovens. In: Tempos de Capanema. São Paulo: Paz e Terra.