Será que existe colírio para tratar as moscas volantes?
Aqui quem fala é Mário Bulla, médico oftalmologista, especialista em retina, eu vou voltar novamente ao tema das moscas volantes, focando esta vez em uma tentativa de tratamento com colírio. Esta quPara lembrar então, mosca volante, ou floater, é um sintoma que geralmente surge quando ocorre o aparecimento de uma opacidade dentro do olho da pessoa, mais precisamente dentro do vítreo, que é o gel que existe dentro do nosso olho.
Estas moscas volantes, quando surgem de uma hora para outra, na verdade o paciente tem que fazer a consulta para saber se não está tendo um descolamento de retina, uma toxoplasmose ou alguma doença até mais grave que precise de tratamento urgente. Mas as moscas volantes quando ficam crônicas, sejam elas por descolamento do vítreo, por sequela de toxoplasmose, às vezes até por sequela de uma hemorragia, podem ficar incomodando a pessoa durante anos a fio e, para estes casos de moscas volantes crônicas que atrapalham muito a visão do paciente durante bastante tempo que pode ser indicado o uso de colírio de atropina.
Basicamente, o colírio de atropina é um colírio que causa dilatação da pupila e a paralisia do músculo ciliar, ou seja, deixa parado o músculo que é responsável por fazer o nosso foco. A atropina na concentração usual de 1% causa uma dilatação da pupila que pode chegar a uma semana e causa um grande embaçamento da visão, sendo que ela incomoda tanto o paciente que nós nem utilizamos em exame oftalmológico de rotina, somente em casos extremamente especiais. P
Muitas vezes conversando com o paciente que vem para a consulta com a queixa de mosca volante é de que após ele fazer a dilatação para o exame do fundo de olho ele não percebeu mais a mosca volante, achando muitas vezes que foi até curado pelo colírio da dilatação da pupila, e isto realmente acontece, quando nós estamos com a pupila um pouco dilatada, a imagem formada pela mosca volante acaba de certa forma se dissolvendo, porque entra mais luz dentro do olho e a luz entra em várias direções e aquela sombra que é projetada na retina pela mosca volante acaba ficando desfocada e muitas vezes a percepção da mosca volante com a pupila um pouco dilatada diminui bastante, ou seja, quando nós estamos com a pupila menor a mosca volante fica mais focada e incomoda mais e quando nós estamos com a pupila um pouco mais dilatada, a sombra causada pela mosca volante acaba se diluindo e ela não fica mais tão perceptível. Então reforçando, que a atropina na concentração mais encontrada, que é de 1%, não deve ser utilizada para reduzir o sintoma da mosca volante, porque além de deixar a visão totalmente embaçada e a pupila muito dilatada, causando fotofobia , que é a sensibilidade extrema à luz, pode causar também, boca seca, constipação, taquicardia e até alterações neurológicas.
O estudo que eu trouxe hoje para ilustrar o tratamento das moscas volantes com atropina, utilizou então a concentração de 0,01% e também fez uma concentração ainda diluída pela metade, mostrou que esta concentração de 0,01% causou uma pequena dilatação da pupila do paciente, fazendo com que ela ficasse apenas 1mm maior do que ela fica naturalmente. Então, resumindo, apesar de ser uma ideia interessante, este tratamento acaba não sendo muito usual atualmente porque além de ser pouco estudado, a dilatação acaba trazendo alguns inconvenientes como visão embaçada, às vezes uma grande sensibilidade à luz e, o próprio colírio de atropina 0,01% não é encontrado comercialmente, ou seja, mesmo que o médico receite, não é possível ir em uma farmácia e comprá-lo, ele geralmente só pode ser encomendado em farmácias de manipulação especializadas em fazer colírio. Mas outro dado interessante que este estudo trouxe é que os sintomas que seriam esperados como por exemplo a fotofobia ou mesmo a visão embaçada e, principalmente, a dificuldade de ler para perto, não foram apresentados por nenhum paciente. É extremamente importante ressaltar que este colírio de atropina diluído não vai eliminar as moscas volantes, elas vão continuar presentes dentro do olho do paciente, o que vai acontecer é uma redução dos sintomas, mas para que este efeito seja sentido o paciente tem que usar continuamente o colírio, no caso deste estudo foi pingada uma gota por dia, geralmente à noite. A cirurgia de vitrectomia pode ser utilizada para tratar moscas volantes e também, a vitrectomia para o tratamento do descolamento de retina.

Este vídeo bem como seus comentários não substituem a consulta médica e tem apenas finalidade educativa, não devendo ser utilizados para tomada de decisões, sendo necessária para isto a consulta presencial com o médico especialista.

Autor:
Dr. Mário César Bulla
Cremers 28120
Médico Oftalmologista - Especialista em Retina
clinicabulla.com.br
especialistaemretina.com.br
Instagram: @clinica_bulla

URL do vídeo: youtu.be/3RkZ_pfkGC4
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