Hoje a gente vai falar da diferença entre o parto normal e o parto natural. Apesar de serem dois tipos de partos vaginais, eles são muito diferentes entre si.
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Eu, quando tive a minha filha, a Flor, achei que só existissem dois tipos de parto: o cesariano (parto abdominal) e o parto normal (parto vaginal).
Com toda essa minha pesquisa e leitura sobre a humanização do parto – deixar a mulher ser protagonista nesse momento – eu vi que passei por várias intervenções que poderiam ter sido evitadas.
Por isso que no parto do Nino eu decidi ter em casa, e foi simplesmente muito maravilhoso.
Existem várias intervenções aqui que são protocoladas, fazem parte da rotina de um hospital, mas que são desnecessárias muitas vezes.
O parto normal não necessariamente é um parto natural, um parto humanizado, um parto onde a vontade da mulher é respeitada, a fisiologia da mulher é respeitada e toda a intuição dela é ouvida, e ela possa ser orientada pra ter o filho da maneira mais natural possível.
Mas... há também a possibilidade de você ter um parto natural em hospital. É difícil, mas é possível.
E eu quero falar pra mulher que quer entender mais sobre o parto natural e como ela pode se impor mais, ter uma voz mais ativa e ser mais respeitada, ela precisa entender como funciona um pouco o parto, todo o mecanismo de hormônios e tudo que acontece fisiologicamente dentro dela, pra ela poder também debater ali com o médico.
O Michel Odent, que é um médico que eu adoro, que é um dos maiores defensores e propagadores do parto humanizado, diz que há quatro necessidades básicas pra mulher saber e entender como funciona o parto natural.
Essa primeira necessidade que ele diz é a gente entender como a ocitocina funciona, o que é a ocitocina e pra que ela serve.
A ocitocina nada mais é do que o hormônio principal do parto, porque ela induz a contração uterina pra expulsar o bebê.
A ocitocina é um hormônio tímido. Tanto que a ocitocina também é liberada durante as nossas relações sexuais.
A gente precisa estar num ambiente seguro, num ambiente confortável e com uma pessoa que a gente se sente bem. Quando a gente não está bem, o parto não progride bem... e a relação sexual também.
E a gente tem que entender que o parto também é uma extensão da relação sexual. É normal, é natural falar disso. Isso muitas vezes é tabu pra muitas pessoas, mas é algo tão natural, é tão fisiológico da mulher...
A ocitocina depende muito de fatores ambientais para a sua liberação progressiva e natural, e que seja importante pra mulher realizar esse parto de maneira super segura.
É importante a mulher entender qual é o ambiente mais favorável pra que ela tenha um parto natural. Um ambiente realmente onde ela possa se sentir confortável, onde ela possa se sentir desinibida, onde ela possa se sentir ela mesma. Segura. Mulher. E ter voz ativa.
Muitas mulheres chegam no hospital e se sentem acuadas, se sentem reprimidas, e isso só piora esse processo do parto.
A segunda questão é que a ocitocina é antagonista da adrenalina.
A ocitocina é liberada quando a mulher se sente bem.
A adrenalina é liberada quando a gente está com medo.
Você tem que estar com a adrenalina lá embaixo e a ocitocina lá em cima para que tudo ocorra de maneira mais fluida, natural...
A terceira questão é sobre o neocortex, que é esse novo cérebro, o cérebro do intelecto. É o maior diferencial entre nós, humanos, e os animais.
Tanto que os animais têm muito menos problemas de parir do que nós, seres humanos. A gente tem muito mais complicação por causa do neocortex, que tem muito a ver com a inibição.
E a última questão que ele fala é que a gente deve esquecer tudo o que é humano.
Nós, seres humanos,nos apegamos muito a tradições, culturas e religiões que muitas vezes atrapalham o bem estar da mulher, da mãe, e do bebê, na hora do nascimento.
Essa é a diferença básica entre um parto normal e um parto natural.
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